terça-feira, 14 de outubro de 2014

Mulheres, bullying e o papel da escola.

    Na minha época de escola, sempre participei dos eventos da Francisca Martiniano da Rocha, como as quadrilhas de São João, as Gincanas, o dia do Estudante e outras datas festivas. Além disso, lembro-me com carinho dos projetos de Belinha, Zé Walter e Rosilda para a Feira de Ciências.
     Aliás, feira de ciências designa uma exposição pública de projetos científicos desenvolvidos pelos estudantes. Por causa disso, logo foi necessário mudar o nome do evento, visto que era impossível inclui todas as matérias dentro dessa definição. 
   Em 2001, surgiu o primeiro AMACC (Amostra de Arte, Cultura e Ciências) da nossa escola. Portanto, o objetivo apenas foi ampliado, passou-se para uma exposição pública de projetos artísticos, culturais e científicos desenvolvidos na sala de aula para a comunidade escolar. Assim, o AMACC deveria servir como elemento importante para a construção de cidadãos críticos e conscientes de seu papel na sociedade. 
     Devido a situação atual da nossa escola, acredito que a igualdade e o respeito entre os indivíduos deveria ser um dos valores implícitos em todos os projetos. Na verdade, a escola tem por obrigação discutir amplamente a questão da privacidade e respeito pelo próprio corpo. No entanto,  ao contrário do esperado, o que notamos é a exploração do corpo feminino (tema discutido em texto anterior).
    Em uma sociedade como a nossa, a culpa acaba recaindo nas próprias vítimas, que sequer tinham consciência da ideologia machista que perpassava toda aquela apresentação. Na verdade, conversei com uma dessas alunas e quando questionei se o propósito da cantora que elas tentavam imitar não era exposição do corpo da mulher, ela alegou confusamente que poderia ser, mas o objetivo delas era apenas apresentar uma forma de cultura.
    Infelizmente, a aluna da foto, que serviu apenas para ilustrar o fato, vem sofrendo bullying por causa disso. Nenhuma pessoa aconselhou para que elas não dançassem, ninguém explicou para essa jovem a ideologia que ela representava naquela noite, portanto como é possível tantas pessoas julgá-la?  Não achem que estão defendendo os direitos da mulheres quando ofendem essa criança, pelo contrário, tratá-la dessa forma, é vergonhoso e machista e tais atitudes devem ser combatidas.
     Repensem ofensas como “vadia” e “puta, o que isso significa? Toda mulher tem o direito a seu próprio corpo e não deve ser julgada por isso, o que questionei é o machismo implícito em praticamente todas as apresentações. 
     Espero que essas jovens mulheres possam se desenvolver em um ambiente saudável e, em minha opinião, foi errado (e será sempre) colocar menores de idade dançando músicas que transformem a mulher em mero objeto e incentivem o uso de álcool ou qualquer tipo de drogas.  
    Peço, sinceramente, minhas desculpas mais sinceras a essa jovem e a sua família, pelos transtornos causados involuntariamente. Para os machistas que ofendem a minha pessoa ou a essa aluna, devo dizer que valemos muito mais que um shortinho curto e o fato de conseguir ou não rebolar. Minha esperança é que minhas reflexões possam valer muito mais que um processo e ajude nossa escola a inspirar essa jovens mulheres, façam elas perceber o papel brilhante que elas podem ter para a transformação de uma sociedade mais igualitária e justa.


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