sexta-feira, 10 de outubro de 2014

A cultura do machismo de Lagoa Seca

     A arte é um conceito difícil de ser definido, dentre as possibilidades estéticas, não poderia imaginar que garotas de 12 anos com shorts curtíssimos e barrigas de fora, dançando ao som de Anitta (“Agora eu vou me vingar: menina má. Vou provocar, vou descer e vou instigar”), se enquadraria nesse grupo.
     Não muito diferente do que aconteceu na abertura da Amostra de Arte, Ciência e Cultura da Escola Francisca Martiniano da Rocha, pouco mais de um ano atrás, nossa cidade virou notícia pela apresentação da Banda Fanfarra Ypuarana. Se enquanto arte, a dança se expressa através dos signos de movimento, o que esse tipo de representação simboliza sobre a nossa identidade enquanto lagoasequenses?
     Inicialmente, cabe percebermos que os grupos de danças da Amostra tinham como membros quase que exclusivamente mulheres (ou crianças?) semi-nuas com movimentos que insinuavam claramente o ato sexual, dançando ao som de músicas de Funk e Swingueira, repetidas a exaustão, com temas como sexo, bebida e dinheiro.  
     É inevitável perceber o machismo representando nas apresentações, a dança, como arte, fica ofuscada pela clara tentativa de chamar a atenção do olhar masculino, que transforma a mulher em mero elemento de entretenimento sexual.
     Espera-se que uma escola promova a igualdade dos gêneros e mostre a uma jovem mulher que ela pode ter as mesmas oportunidades que um homem, que possibilite uma visão crítica e ampla do mundo para um verdadeiro empoderamento da mulher na nossa sociedade
    Ao contrário do esperado, o que estamos ensinando é que cabe a mulher o papel de objeto sexual, portanto seu corpo dever servir de entretenimento para os homens, visto que sua existência toda serve unicamente para encontrar um macho que a sustente e o qual ela deve obedecer. Pelo menos é isso que é dito nas músicas dançadas por essas adolescentes, que insinuavam a troca de favores sexuais pelo status social do rapaz, seu carro e dinheiro.
    Afinal, o que essa apresentação consegue além de espalhar a ideologia de que as mulheres valem unicamente pelo seu corpo?  Não é sem motivos, que quando uma dessas estudantes foi ao centro, não foram os passos de dança que foram avaliados, mas o seu peso e, por isso, ela foi insultada.
   Enquanto a Vogue Kids brasileira foi obrigada a retirar das bancas sua edição de setembro pela sexualização da imagem de modelos infantis e adolescentes, Lagoa Seca parece achar normal que jovens estudantes desçam até o chão enquanto uma cantora de Funk convida “Eu sei que você tá querendo”. 
     Uma determinada aluna disse que “caráter não é definido por short curto”, não poderia ser mais verdade, mas e quando esse short parece ser a única coisa que deveria ser mostrada?

2 comentários:

  1. Primeiramente quem é você?????
    Que tipo de professora é você, que não tem um pingo de ética moral, pra falar das alunas do francisca martiniano, como você se sente no direito de expor uma aluna dessa forma, você como professora ja deveria saber que compartilha foto alheia e crime.
    Pare um dia, para entrevista as meninas que se apresentou nessa abertura e faça a seguinte pergunta: Por qual motivo você se apresentou?
    Eu particularmente antes de vim aqui expressar a minha opinião eu conversei com algumas meninas que se apresentaram na abertura da feira cultural ; E uma das meninas, que é exatamente essa da foto que você não teve um pingo de bom senso de preserva a imagem dessa criança de apenas 13 anos que nem considerada como adolescente ela pode ser ainda segundo o conselho tutelar.
    E sua resposta foi '' eu dancei não foi para mostra meu corpo e sim para mostra meu talento'' E realmente você querendo ou não isso já é cultura, a referida aluna da foto faz ballet a exatamente quatro anos, e tem vários sonhos como qualquer outra criança.
    É possível notar aqui ponto chegamos, Isso eu não considero machismo e sim preconceito, não consigo entender com que direito você acusa crianças e adolescentes de se insinuar para os homens quando na verdade elas só estavam mostrando ao ver delas um tipo de cultura.
    Eu sou Jucilayne Costa e tenho 17 anos, e sou uma das meninas que se apresentou na abertura da feira cultural do referido colégio ao qual você tenta denigrir a imagem, venho em nome das alunas e mães que não gostou do seu comentário.
    Volto a dizer mais uma vez que roupa curta não define o caráter de nenhuma mulher, mais sim certas atitudes como a sua de ridicularizar alunas pelo o modo de se vestir ou pela a simples maneira de dançar.
    Você como educadora deveria saber a maneira de falar com jovens e adolescentes a final você esta li dando com alunas e não com vadias!
    REPENSE...

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    1. Cara Jucilayne Costa,
      Não considero essas crianças e adolescentes como delinquentes, pelo contrário, elas são as vítimas de toda essa situação, elas não têm consciência da ideologia machista que perpassa toda essa apresentação. Na verdade, o papel dos adultos é protegê-las desse tipo de exposição e de discurso.
      Não estou ridicularizando ou julgando nenhuma aluna, pelo contrário, meu desejo é que essas jovens mulheres possam se desenvolver em um ambiente saudável. Infelizmente, não acho que seja esse o caso, a menos que você considere que músicas que tratem de temáticas como sexo e bebida sejam adequadas para crianças dançarem. Em minha opinião, foi errado (e será sempre) colocar menores de idade dançando músicas que transformem a mulher em mero objeto sexual e incentivem o uso de álcool ou qualquer tipo de drogas.
      Entretanto, concordo com você que é uma cultura existente e merece ser respeitada, mas isso não impede o discurso machista, o que deveria restringir sua apresentação em uma escola, sem que antes houvesse maiores reflexões sobre a ideologia presente nas letras da música.
      Em relação à divulgação de imagem, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, não é considerado crime, visto que eu preservei a identidade da criança, a partir da ocultação do rosto da jovem, bem como eu nenhum momento do texto eu citei qualquer aluno, portanto é impossível ter denegrido a imagem de qualquer pessoa.
      Por fim, talvez eu não seja moral pelos padrões da cidade de Lagoa Seca, mas, com certeza, o texto é completamente ético, perceba que moral e ética e são dois conceitos diferentes e sempre me afeiçoei mais ao segundo.
      Débora Pereira

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